domingo, 22 de abril de 2007

Artigo da Vip

THE BREAK-UP

QUANDO O QUE VAI ACABAR CONTINUA, SABE COMO É?

Este mês: JÚLIA FERNANDES

Confesso: é nome de um filme, mas acontece com todo mundo. Quem ainda não assistiu ao filme, com Vince Vaughn e Jennifer Aniston, ele fala sobre o fim de um caso. A parte mais comovente acontece quase no final, que por sinal não é nada feliz, mas compreensível. Ela chorando fala para ele tudo o que ele poderia ter feito, tudo o que ele poderia ter ajudado, tudo o que ele poderia ter ouvido, tudo aquilo que os salvaria. Mas era tarde demais, o fim era iminente.
Quem nunca terminou um relacionamento? Quem nunca quis que fosse para sempre? Quem nunca ficou sem entender por que ele ou ela se foi? Entender o fim de um relacionamento seis meses depois é tempo demais para alguns, mas às vezes totalmente necessário para outros. Bater o dedo no pé do sofá dói, mas, ouvir depois de meses coisas que você queria ouvir uma semana após o rompimento, dói mais ainda.
Então nos encontramos, não por acaso, de propósito. Na casa que já havia sido palco da glória e da perdição. Já havíamos passado meses ali, rindo às gargalhadas, chorando as dores do mundo, entornando muitos goles de saquê e ouvindo música alta que fazia a trilha sonora da nossa vida amorosa. Hoje, passamos o dia todo falando da vida, da nossa, não alheia como costumavam fazer com a gente.
E, assim, o dia se fez noite. Cabia a mim decidir se iria ou não sair com ele. Apreensiva e sem saber se aquilo podia acabar mal simplesmente fui. Qual não foi a minha surpresa quando ele começou a falar do término do relacionamento. Com desenvoltura e como nunca havia feito antes apesar das minhas frustradas tentativas. Talvez das outras vezes não fosse a hora certa. Nunca sabemos qual é a hora certa até que ela chega. Passamos miseráveis meses tentando entender o incompreensível e, de repente, tudo se torna claro.
AS CONFISSÕES A confissão de que ele havia visto o filme sozinho para entender a parte que eu sempre quis lhe explicar me comoveu, muito. Por que depois de já passado tanto tempo? Mas valeu. Todas as lágrimas derramadas valeram. A confissão de que eu havia ficado meses sentindo a falta dele o comoveu. Logo após o término de um relacionamento, a única pessoa que não pode nos ajudar é ironicamente aquela que a gente mais quer que nos ajude.
Eu nunca mais serei capaz de me esquecer dessas confissões tardias, dos sorrisos, da vontade louca de fazer o tempo voltar atrás e fazer com que nos encontrássemos em uma zona de conforto, aquele lugar seguro onde ainda pudéssemos ser salvos pelos erros, tanto os nossos como os dos outros, voltar para onde pudéssemos entender o que era falado, voltar para a época onde éramos genuinamente felizes. Era uma inútil tentativa, mas, se pudéssemos, voltaríamos ao tempo antes de termos nos perdido de nós mesmos.
O tempo ajudou, o tempo foi cruel, um verdadeiro paradoxo. Seguimos em frente, andando de mãos dadas pela rua e acreditando que a vida ainda nos deve explicações por que as coisas acontecem assim e não assado. E a noite se fez dia... ::

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