quinta-feira, 12 de junho de 2008

Eu sempre me considerei um pouco fria em relação à morte, nunca fui daquelas mais choronas em velórios e enterros, particularmente detesto os dois, uma coisa muito desesperadora, ver filhos inconformados com a morte dos pais, esposas desesperadas por perder o companheiro de tantos anos. Sempre fui da turma que fica no cantinho conversando sobre outras coisas.

Nos últimos anos algumas pessoas bem queridas se foram, algumas de forma mais rápida e inesperada e outras depois de muito sofrimento, finalmente descansaram.

Acho que uma das mortes mais estúpidas e que toda a família ficou muito chocada foi a do meu tio, irmão do meu pai que faleceu, de repente, morreu eletrocutado... Foi muito triste e desolador ver a esposa e os filhos desesperados.

Ontem outro tio muito querido nos deixou, tio Martinho, como todos os sobrinhos o chamavam, me lembro dele sempre muito alegre e divertido, quando passávamos férias de final do ano na casa dele, ele sempre fazia questão de nos levar à praia, á sorveterias e na casa de parentes que como quase nunca víamos era sempre um passeio muito divertido.

Me lembro de quando moramos por um período curto na casa dele eu minha mãe e minha irmã, foi no início de quando mudamos para São Luís e meu pai ficou em Sp por um tempo até arrumar tudo aqui, durante esse período ele foi nosso “tio e pai”, estava sempre rindo e fazendo piada de alguma coisa.

Há uns 8 anos mais ou menos ele adoeceu, teve um derrame e ficou muito abalado física e emocionalmente falando e nos últimos meses estava praticamente vegetando, vivendo, ou melhor sobrevivendo.

Estranho, mas não tenho lembranças dele doente, nesses anos em que ele esteve doente eu o vi poucas vezes, mas nem parecia à mesma pessoa, talvez por isso eu tenha bloqueado essa imagem e tenha guardado a imagem dele sadio.

Ontem ele descansou e espero sinceramente que Deus o tenha acolhido e tenha perdoado todos os seus pecados e que agora ele esteja muito bem e sem nenhuma dor ou arrependimento.

Eu hoje falei com a filha dele e apesar de saber que ele descansou, ela me disse uma frase que fiquei pensando: “Agora é pra valer!! eu não tenho mais pai”, nossa isso me fez pensar no quanto a vida é frágil e como deve ser difícil perder o pai, meu Deus, me senti tão culpada por hoje ter sido malcriada com o meu, mesmo porque ele é o melhor pai do mundo inteiro e está sempre me ajudando em tudo que eu preciso... E fiquei pensando como o ser humano é burro, só damos valor nas coisas depois que perdemos...

Quero me redimir a partir de hoje e valorizar muito mais tudo o que tenho e todas as pessoas que amo.

Um comentário:

Letícia disse...

Vc pode imaginar que chorei lendo esse post... Perdi meu pai há seis meses e a sensação que tenho é a mesma da sua prima: "não tenho mais pai". Essa frase encerra muitos sentimentos e declarações. Nenhum homem jamais nos amará de forma desinteressada e total como nosso pai. É devastador perder esse homem que mesmo que tenhamos 30 anos nos olha e quer nos proteger como se tivéssemos 5. Que nos abraça de forma pura e incondicional, que nos acolhe nos nossos fracassos e sente como se fossem suas nossas vitórias. Meu pai, pelo menos, era assim. Nada perfeito, mas um homem bom, generoso, brilhante, um pai de quem eu ainda me orgulho.
Aproveite mesmo muito seu pai. Vc não precisa ser perfeita para que ele a ame, da mesma forma que vc não o ama pq ele é perfeito, mas pq é ele.