domingo, 30 de novembro de 2008

O cara do outro lado da rua

Bom quem lê este blog já percebeu que gosto muito das cronicas da Martha Medeiros e uma grande amiga que está na New Zelândia, me indicou seu o último livro, obvio que comprei e já li, o livro tem algumas das melhores crônicas da Martha, claro que gostei de quase todas, mas algumas gostei mais outras não conhecia, mas enfim a deste começo da semana será uma que se chama: O cara do outro lado da rua.

A crônica fala sobre o medo que as pessoas têm de se conhecer, um exemplo moderno é a internet de uns anos pra cá está na moda conhecer pessoas pela internet e aí levamos dias, semanas e algumas vezes até anos para conhecer o outro pessoalmente e isso gera uma ansiedade boa, gostosa.

As vezes essa "amizade virtual" vira um relacionamento e são inúmeros encontros que podem ou não se transformar em algo mais real ou não, o que depende somente da vontade de cada um.

As vezes você conhece alguém e resolvem sair e depois com a modernidade da internet as coisas ficam bastante no virtual MSN, Orkut , SMS e etc mas acho que isso acaba esfriando a relação, mas segundo o livro ele simplesmente não está afim de vc, isso quer dizer que o cara não está muito afim mesmoooo, mas segundo a minha experiência rsss também pode ser timidez, falta de coragem de chamar a moça ou moço para sair novamente por muitos motivos.rssss

Voltemos à crônica que fala sobre um cara que trabalha em um prédio em frente ao um outro prédio em que uma moça mora.

Ele sabia onde ela morava, a via freqüentemente saindo com o carro pela garagem, já havia até decorado a placa da atriz.

O que ele não sabia é que ela, da janela do seu apartamento, reparava nele todos os dia também, quando ele chegava no escritório em frente. Um moreno alto, não muito diferente de qualquer outro moreno alto.

Ele acompanhava a novela das oito que ela fazia,gostava do jeito que ela atuava, havia uma certa dignidade na escolha dos papéis, e imaginava que ela tinha diversos namorados. Ela, por sua vez, nada sabia dele, a não ser que era um homem como outro qualquer.

Um dia se cruzaram, ela saindo do prédio e ele chegando ao escritório, e por razão nenhuma se cumprimentaram.
Duas vogais:oi.

Passaram semanas e um dia abanaram de longe. E de longe permaneceram por tantos meses. A atriz famosa do prédio em frente. O cara do escritório do outro lado . Era isso que eram um para o outro.

Não se sabe quem tomou a iniciativa, se foi ela que sorriu de um jeito mais insinuante ou se ele que acordou de manhã com o ímpeto de sair da rotina, apenas se sabe que um dia pararam na calçada para ir além das duas vogais, e ele teve a audácia de convidá-la para um café, e ela teve o desplante de aceitar.

Durante o café, ele soube que ela havia se separado recentemente, e ela soubeque ele estava tentando arranjar coragem para terminar uma relação desgastada. Ela tomou uma água mineral sem gás, ele, dois expressos, e ficaram de se falar.

No dia seguinte ele telefonou e comentou que ela havia dado a ele a coragem que faltava. O recado foi entendido, e ela aceitou prontamente um convite para jantar, e desde então não pararam mais de se tocar e de se conhecer. Ela contou entre lençóis, que trabalhar na TV é uma profissão como as outras, que o estrelato é uma percepção do público e que no fundo ela era uma mulher quase banal. Ele contou durante uma viagem que fizeram juntos, da relação que tinha com os avós, da importância deles na sua infância e em como seu passado de garoto do interior havia definido seu caráter. Ela contou, enquanto cozinhavam um macarrão, que havia sido uma menina bem gordinha e que implicavam muito com ela na escola. Ele contou, enquanto procurava uma música no rádio, que havia morado em Lisboa e que seu sonho era ser pai. Ela contou, enquanto penteava o cabelo dele, que às vezes chorava mais de felicidade do que de tristeza e que ainda não sabia o que dar a ele de aniversário. Ele contou enquanto assistiam a um filme no DVD, que ela ia rir mas era verdade: quando garoto, ele chegou a pensar em ser padre. Ela contou enquanto retocava o esmalte, que já havia se atrevido a escrever poemas, mas eram horríveis. Ele pediu para ler. Um dia ela mostrou. Eram horríveis mesmo. Ele mostrou os versos dele. Não é que o safado escrevia bem?

Não chegaram a viver juntos como vivem todos os casais, mas também nunca mais ficaram separados por uma janela, por uma rua, por um silêncio interrogativo, por uma possibilidade remota. Havia acontecido. Ela para ele, nunca mais uma celebridade. Ele para ela nunca mais um homem comum.
Moral da história? Quem não arrisca não petisca...

Rapazes
Sabe aquela moça que há tempos vc quer chamar para sair? O máximo que pode acontecer é ela dizer não... e aquela que vc já levou um não, mas mesmo assim vc ainda não desistiu? O mesmo...

Moças
Sabe aquele mocinho que apesar de vc estar quase desistindo porque ele nunca mais te chamou para sair? Tempos modernos darling, convide vc... O maximo que vai acontecer é ele dizer não, melhor assim vc desencana de vez e next, afinal a fila anda...

O importante é sair do talvez... Palavrinha mais morna!!!

2 comentários:

cris genaro disse...

Adoro essa cronica, mas o que eu gostei mais dessa vez foi uma frase sua... a crucial, a final... "o importante é sair do talvez... palavrinha mais morna essa!"
vou adota-la... quase tao util quanto um bom palavrão, ou seja, vai me servir em muitos momentos!
um beijo
Silvia

Ana Paula disse...

Oi gata,

A Sil tem razão, adorei o "que palavrinha mais morna"! A crônica é ótima mesmo. E que bom seria se todos lessem esse seu post, né? BJSSSSS